Diagnóstico
- Não há testes laboratoriais específicos. O diagnóstico da demência é clinico.
- Os exames laboratoriais são úteis para o diagnóstico diferencial e da etiologia.
Procedimentos
- História clínica detalhada
- Exame físico geral
- Exame neurológico geral
- Exame cognitivo
- Exames laboratoriais
Critérios do DSM-IV da Associação Psiquiátrica Americana para demência
A - Redução da memória a curto prazo: incapacidade para aprender informações novas (lembrar-se de três palavras, após cinco minutos).
Redução da memória a longo prazo: incapacidade de lembrar-se de informações pessoais passadas (eventos ocorridos ontem; data de nascimento; ocupação); incapacidade de lembrar-se de informações comuns a todos (presidentes passados, datas memoráveis).
B - Pelo menos um dentre os seguintes:
1. Dificuldade de abstração: incapacidade de identificar similaridades e diferenças entre palavras relacionadas; dificuldade para definir palavras.
2. Dificuldade para julgamentos e para controlar impulsos: incapacidade para lidar adequadamente com problemas interpessoais, familiares e do trabalho (linguagem grosseira, brincadeiras inapropriadas, negligência da aparência e da higiene, desconsideração para com regras convencionais de conduta social).
3. Outros distúrbios de funções corticais superiores, como:
- afasia (distúrbio de linguagem);
- apraxia (incapacidade para executar atitvidades motoras, apesar da compreensão e da função motora estarem normais);
- agnosia: dificuldade construcional (incapacidade de copiar diagramas tridimensionais; incapacidade de organizar blocos de memória ou palitos de fósforos formando padrões especificados).
4. Modificações da personalidade
a) alterações de traços pré-mórbidos: indivíduo muito ativo torna-se apático e deixa seus envolvimentos sociais; pessoa meticulosa e cuidadosa torna-se descuidada;
b) acentuação de traços pré-mórbidos obcessivos: compulsivos, histriônicos, paranóides e outros.
c) Os distúrbios a e b interferem significativamente com a ocupação ou com as atividades sociais e os relacionamentos.
d) Os problemas não ocorrem exclusivamente durante o delirium.
e) Ou 1 ou 2:
1. Fator orgânico documentado. Há evidências, documentadas pela história, pelo exame físico ou exames complementares, da presença de um fator orgânico específico, que pensa-se estar relacionado à etilogia do distúrbio.
2. Fator orgânico presumido. Na ausência das evidências acima, uma vez exc´luídas as doenças mentais não-orgânicas, ainda presume-se haver um fator etiológico orgânico.
Critérios diagnósticos da CID-10 para demência
G1. Existe evidência de cada um dos seguintes critérios:
(1) Declínio da memória, que é mais evidente na aprendizagem de novas informações, embora, em casos mais graves, a recordação de informações aprendidas anteriormente também possa ser afetada. O comprometimento se aplica a conteúdo verbal e não-verbal. O declínio deve ser verificado de forma objetiva, obtendo-se história confiável de um informante, complementada, se possível, por exames neuropsicológicos ou avaliações cognitivas quantificadas. A gravidade do declínio, com comprometimento leve como limiar para o diagnóstico, deve ser avaliada da seguinte maneira:
Leve: O grau de perda da memória é suficiente para interferir em atividades cotidianas, mas não tão grave a ponto de ser incompatível com vida independente. A principal função afetada é a aprendizagem de novo conteúdo. Por exemplo, o indivíduo tem dificuldade para registrar, armazenar e lembrar elementos da vida cotidiana, como onde colocou seus pertences, ajustamento social ou informações recentemente transmitidas por familiares.
Moderado: O grau de perda de memória representa limitação séria na vida independente. Somente conteúdo profundamente aprendido ou muito familiar é preservado. Novas informações são mantidas apenasocasionalment e de forma muito breve. Os indivíduos não conseguem lembrar de dados básicos sobre sua localização geográfica, o que fizeram recentemente ou os nomes de pessoas conhecidas.
Grave: O grau de perda de memória é caracterizado pela completa incapacidade de manter novas informações. Somente fragmentos de informações anteriormente aprendidas permanecem. O indivíduo não consegue reconhecer nem seus parentes próximos.
(2) Declínio em outras capacidades cognitivas evidenciado pela deterioração no julgamento e no raciocínio, como planejamento e oprganização, e no processamento geral de informações. Evidências para isso devem ser idealmente obtidas de um informante e complementadas, se possível, com exames neuropsicológicos ou avaliações objetivas quantificadas. Deve ser estabelecida a deterioração a partir de nível de desempenho superior. A gravidade do declínio, com comprometimento leve como limiar para o diagnóstico, deve ser avaliada da seguinte maneira:
Leve: O declínio em habilidades cognitivas causa prejuízo no desempenho cotidiano, mas não em grau que torne o indivíduo dependente de outras pessoas. Tarefas recorrentes ou atividades recreativas complicadas não podem ser realizadas.
Moderado: O declínio em habilidades cognitivas torna o indivíduo incapaz de funcionar sem a assitência de outra pessoa, incluindo fazer comprar e lidar com dinheiro. Dentro de casa, somente tarefas simples podem ser realizadas. As atividades são cada vez mais restritas e mantidas de forma precária.
Grave: O declínio se caracteriza pela ausência de ideação inteligível.
A gravidade geral da demência é melhor expressa como o nível de declínio em memória ou em outras habilidades cognitivas, o que for mais grave (p.ex., declínio leve na memória e moderado em habilidades cognitivas indica demência de gravidade moderada).
G2. A consciência do ambiente (i.e., a ausência de perturbação da consciência [como definida no delirium, não induzido por álcool ou outras substâncias psicoativas, Critério A]) é preservada durante período suficientemente longo para permitir a demonstração inequívoca dos sintomas do Critério G1. Quando houver episódios de delirium sobrepostos, o diagnóstico de demência deve ser protelado.
G3. Há declínio em controle emocional ou motivação, ou mudança no comportamento social manifestada por pelo menos um dos seguintes:
(1) labilidade emocional
(2) irritabilidade
(3) apatia
(4) embrutecimento do comportamento social
G4. Para diagnóstico clínico confiável, os sintomas do critério G1 devem estar presentes por pelo menos seis meses; se o período desde o início for mais curto, o diagnóstico pode ser apenas provisório.
Comentários
O diagnótico é sustentado por evidências de lesões em outras funções corticais superiores, como afasia, agnosia, apraxia.
O julgamento sobre a vida independente ou o desenvolvimento de dependência (de outras pessoas) deve levar em conta a expectativa e o contexto cultural.
A demência é especificada aqui a partir da duração mínima de seis meses para evitar confusão com estados reversíveis de síndromes comportamentais idênticas, como hemorragia subdural traumática, hidrocefalia com pressão normal e lesões cerebrais difusas ou focais.
Um quinto elemento pode ser usado para indicar a presença de sintomas adicionais: demência de Alzheimer, demência vascular, demência específica classificada em outros locais, demência sem especificação, sa seguinte maneira:
- Sem sintomas adicionais.
- Com outros sintomas, predominantemente delirante.
- Com outros sintomas, predominantemente alucinatória.
- Com outros sintomas, predominantemente depressiva.
- Com outros sintomas mistos.
Um sexto elemento pode ser usado para indicar a gravidade da demência:
- Leve
- Moderada
- Grave
Conforme mencionado, a gravidade depende do nível de comprometimento da memória ou intelectual, o que for mais significativo.