Doença de Parkinson

 

        A prevalência de demência entre os portadores de Doença de Parkinson (DP) ainda não está muito bem definida, havendo estimativas muito díspares, variando de 10% a 50% destes . A maioria das séries, entretanto, reporta taxas coincidentes entre 30% a 50% dos pacientes com DP como sendo portadores de demência.

        A incidência de demência na DP é cumulativa com o avançar da idade e, a este respeito aos 85 anos o paciente portador de DP apresentará demência em 65% dos casos (esta chance parece ser independente do aumento da possibilidade de desenvolver demência com o aumento da idade observado na população geral).

        Como fatores de risco para o desenvolvimento de demência na DP podemos mencionar:

        · Idade avançada;

        · Início da DPI em idade avançada;

        · Progressão rápida da doença;

        · Baixa resposta à levodopa, com efeitos colaterais exuberantes.

        A DP caracteriza-se por uma tríade constituída por: bradicinesia, rigidez e tremor. Um outro sinal motor cardinal é a instabilidade postural.

        O tremor característico da doença de Parkinson lembra os movimentos de alguém que está contando ­dinheiro. A freqüência do tremor entre os pacientes com doença de Parkinson varia ­de 76% a 100%.

        A bradicinesia é caracterizada pela redução da amplitude e agilidade dos ­movimentos corporais. Em torno de 77% a 98% dos pacientes com DP apresentam bradicinesia.

        A rigidez se caracteriza pela hipertonia da musculatura estriada, é do tipo "plástica” e pode ser detectada quando se estira passivamente um músculo contraído, diante do que se observa uma queda da resistência que se dá em pequenos solavancos. Este sintoma está presente em 89% a 99% dos pacientes com DP. 

        A instabilidade postural, apesar de ser considerada por vários autores um sintoma cardinal da doença de Parkinson, geralmente não ocorre nas fases mais precoces da doença.

        Além destes sintomas considerados fundamentais para o diagnóstico da doença de Parkinson, podem existir sialorréia e sudorese importante, fenômenos indicadores do aumento do tônus vagal periférico presente nesta doença. O blefaroespasmo, assim como alterações da fala, também podem acompanhar a constelação sintomatológica da doença. Entre os sintomas psiquiátricos, também muito frequentes na doença (presentes em 60% a 70% dos casos), a depressão está entre os mais comuns (presente em 40% dos casos), assim como os sintomas psicóticos (alucinações ansiedade, apatia e distúrbios cognitivos).

        As primeiras descrições da DP concentravam-se nos sintomas puramente motores, negligenciando os fenômenos cognitivos e comportamentais, atualmente valorizados.

        A demência associada à DP é caracterizada por (segundo Guillard et ai., 1991):

        · Redução ou falta de iniciativa para atividades espontâneas;

        · Incapacidade de desenvolver estratégias exitosas para a resolução de problemas

        · Lentificação dos processamentos mnésticos;

        · Lentificação do processamento global da informação;

        · Prejuízo da percepção visuoespacial;

        · Dificuldades de conceitualização;

        · Dificuldade na geração de listas de palavras.

        A demência associada à DP, na ocasião do diagnóstico, geralmente é de grau leve a moderado e na exploração clínica encontram-se mais salientes: a lentificação ­psicomotora e do processamento cognitivo global, a disfunção executiva (prejuízo na abstração, na formação de conceitos, na geração espontânea de palavras), as disfunções construtivas e um baixo rendimento em algumas tarefas matemáticas. A presença de sinais indicativos de comprometimento cortical (afasia, agnosia, amnésia) grave é rara nesta condição.